A desordem natural que surge no psiquismo do adolescente é produto dos desencaixes necessários frente à nova etapa de vida. Se instala uma certa desestrutura psíquica que o adolescente tenta controlar se encerrando no quarto, jogando no computador compulsivamente até altas horas da madrugada, trocando a noite pelo dia e assim por diante. Mas também é uma forma de se escapar das demandas de mudança interna, sem reconhecer que está com medo. Passa a evitar o mundo ficando recolhido. Surge o sono intenso como expressão da angústia.
Mas tudo isso de maneira totalmente inconsciente. Se for questionado, negará veementemente. É também uma forma de fazer de conta que controla a passagem do tempo, maniacamente. Aparece a rebeldia, transformar no contrário, como consequência da necessidade de não se submeter aos pais. Fica paranoico porque se incrementa a ansiedade persecutória frente ao desejo de ser diferente e o temor que isso desperte raiva nos pais.
Na verdade está muito angustiado porque as modificações que se mobilizam dentro dele à revelia da vontade o mantém em constante desarmonia. Por essa razão o humor é muito instável. Aumenta a ambivalência com relação aos pais: amor e ódio se alternam com muita facilidade. Uma forma de vermos o mundo interno de um adolescente é observando o quarto dele. O armário dele. Ali temos materializado o psiquismo do adolescente. Consideramos cientificamente que a adolescência vai até os 25 anos. Este é um tempo longo necessário para que as modificações possam ocorrer com idas e vindas até que em determinado momento o adolescente se tranquiliza e entra na vida adulta jovem.
Dr. José Newton Rodrigues de Freitas, Psicanalista.